Nesses últimos dias fomos agraciados com um comunicado do head do Instagram sobre o destino da minha queridinha rede:
“Nós não somos mais um app de compartilhamento de fotos. Em uma pesquisa, a primeira coisa que as pessoas dizem sobre como usam o Instagram, elas falam que é para entretenimento.” Fonte: Exame
Ah, jura, lindo?
Como se ninguém tivesse percebido hahaha Não demorou essa notícia estourar e começaram a aparecer as publicações patrocinadas: DOMINE O REELS. DESTRAVE SEU CONTEÚDO EM VÍDEO. DOMINE O ALGORITMO DO INSTAGRAM.
Você sabe bem como funciona. Isso me lembrou uma aula que eu havia visto no mesmo dia, do professor e filósofo Clóvis de Barros Filho.
E ele dizia algo do tipo (citação livre minha):
“Domine uma ferramenta e… seja dominado. Quando o seu trabalho depende de algo que você domina, o real escravizado é você”.
Veio a calhar.
Para alguém que produz conteúdo e que não se encaixa nas caixinhas que eles criam para o que merece ser visto, o algoritmo é uma merda.
Naturalmente, alguns se adaptam.
Seleção natural.
Nesse contexto, eu seria a girafa de pescoço médio.
Até sobrevivo por algum tempo, mas sei que no final serei eliminada.
Às vezes passo horas montando um post que julgo com muito valor lá pro Mapa e, na linguagem dos xófens, o post flopa.
É um saco ter que revisar e-mail que mandamos para alunos porque eu usei a palavra “atenção” e o provedor vai barrar.
Imagina meu constrangimento quando me senti obrigada a gravar um Reels engraçadinho?
Dentre esses outros exemplos, vejo que os criadores de slow content vão ficando para trás.
Hoje acordei pensando nisso e concluí: ainda bem que tenho os blogs.
Porque quando eu entrei pro Instagram, quando tudo ainda era mato (você não vai saber agora que arquivei as publicações), as pessoas ainda paravam para consumir slow content.
Em 2015 eu tinha meus 200 seguidores fiéis que interagiam e compartilhavam com as minhas publicações.
Hoje, se meu post não for engraçadinho, o Instagram vai me boicotar. Isso é cansativo.
De ser protagonista, e de assistir também.
Cansa rolar o feed e me deparar com uma enxurrada de conteúdo pela metade.
Ou, melhor dizendo, fragmentos de conteúdo.
Quinze segundos de conteúdo… é conteúdo?
Acho que é só entretenimento mesmo.
E, bom, eu não sou uma pessoa que entretém muito.
Eu não vou comprar o curso de Reels para ser escravizada por mais uma coisa nessa vida.
Eu abandono o Insta, mas não abro mão do meu conteúdo lento.
Pois um vídeo de quinze segundos, ou duas linhas de legenda (o máximo que a maioria lê) não são espaço suficiente para a minha essência.
Finalizo este longo post deixando um recado pro algoritmo:
NOT TODAY.