Nem o cursinho mais bem conceituado, com os melhores professores, elimina a necessidade de organização dos estudos por conta própria. Aprenda nesse artigo alguns conceitos sobre memória de curto e longo prazo, e veja como as formas de estudar (por cursos ou sozinho) influenciam na retenção dos conteúdos aprendidos.

Cursinho não faz milagre

Algumas pessoas investem muitos recursos (tempo e dinheiro) em cursinhos, sejam eles presenciais ou online, e acham – erroneamente – que o tempo que estão usando em sala de aula será suficiente para a aprovação em concursos públicos.

Eu sei que você deve ter ouvido falar de alguém que passou no concurso só frequentando tal cursinho, mas é preciso ter em mente que essa não é a regra – é a exceção. E isso pouco tem a ver com a qualidade das aulas que estão sendo ofertadas. Claro que aulas ruins irão atrasar sua aprovação, ao passo que aulas de qualidade excepcional podem adiantar o processo, mas nunca serão – por si só – suficientes. Tudo o que o professor passa em aula precisa ser revisado, precisa ser treinado. Resolver algumas questões no fim da aula é muito pouco, assim como os simulados ocasionais que alguns cursinhos oferecem.

O que irei discutir nesse artigo tem embasamento nos dois tipos de memória que temos: de curto prazo (de trabalho) e longo prazo. Antes de explicar um pouco sobre cada um deles, você já deve imaginar qual tipo tem maior impacto na aprovação em concursos, não é mesmo?

Claro que aulas ruins irão atrasar sua aprovação, ao passo que aulas de qualidade excepcional podem adiantar o processo, mas nunca serão – por si só – suficientes.

Tipos de memória

Memória de trabalho

A memória de trabalho ou, memória de curto prazo, é aquela que você usa para compreender conceitos, conectar ideias. Esse tipo de memória tem capacidade limitadíssima para armazenar informações, e os poucos fragmentos ali armazenados são perdidos rapidamente, se não usados no futuro próximo. Como exemplo do que colocamos na memória de curto prazo, é quando precisamos discar um número de telefone e o armazenamos temporariamente na memória de trabalho. Aposto que algumas horas após discar o número você já não se lembra mais dele. Aos familiarizados com os termos da informática, a memória de trabalho é semelhante à memória cache dos computadores – volátil e de capacidade pequena.

Memória de longo prazo

Já a memória de longo prazo é como se fosse o nosso HD – possui uma grande capacidade de armazenamento, e os assuntos armazenados ali podem ser recuperados a qualquer momento. No entanto, não significa que não podem ser perdidos – se aquela informação não estiver em um ‘local’ de fácil acesso, e não for recuperada periodicamente, você também tende a perdê-la. Pense, por exemplo, em um número de telefone antigo que você teve. Tenho certeza de que você se lembrou dele por muito tempo, mas que o número foi caindo no esquecimento à medida que você não precisou mais usá-lo.

Nós podemos transformar memórias de curto prazo em memórias de longo prazo, mas para isso precisamos acessa-las repetidamente, de forma a aumentarmos as possibilidades de encontra-las, quando necessário.

Cursinhos e a memória de trabalho

Cursinhos servem para te dar uma base de estudos, uma introdução às matérias, ou, às vezes, para dar melhores explicações sobre algo que você não conseguiu entender sozinho. Você pode sair de uma aula entendendo tudo o que foi passado, mas você provavelmente não sairá dela tendo memorizado as informações importantes (a menos que você tenha uma memória excepcional, o que não é o caso da maioria das pessoas). Por isso, eu considero que as horas de aulas assistidas nem poderiam ser contabilizadas como horas de estudo.

Quando o professor te explica a matéria, ele a coloca na sua memória de curto prazo. Você se torna familiar com aquilo, mas não quer dizer que fixou o que foi passado. Para mover essas informações para a memória de longo prazo, você precisará de tempo, prática e repetições espaçadas – coisas que você não encontra nos cursinhos convencionais.

Estudar em casa te faz memorizar a longo prazo

O grosso dos estudos – memorização e aprofundamento – depende da dedicação do aluno em estudar sozinho os materiais que já tem. Já ouviu falar da expressão “HBC – horas-bunda-cadeira”? Então, ela se refere às horas de estudo solitário, e não de horas na cadeira do cursinho!! A maior parte da sua carga horária deve ser dedicada ao estudo solitário, e não à sala de aula.

É nesse momento em que você irá fazer o esforço de aprender os conteúdos por conta própria, aprenderá como são cobrados em concursos, memorizará os detalhes importantes e colocará tudo o que foi aprendido na memória de longo prazo. Em casa, você poderá focar em:

  • Construir um material teórico de qualidade das disciplinas

  • Fazer simulados

  • Fazer revisões

  • Resolver exercícios

  • Aprofundar nos assuntos

Todas as atividades acima te auxiliam na transferência do que foi colocado na memória de curto prazo para a memória de longo prazo.

Alguns concurseiros passam anos frequentando preparatórios, achando que comprar mais e mais aulas será o diferencial para a aprovação. E não é. Assistir a aulas é uma forma passiva de se estudar, e justamente por ser uma forma de aprendizado passiva, não te faz memorizar os assuntos a longo prazo. Já comentei mais sobre isso no post Videoaula não é técnica de estudos, para quem se interessar por mais detalhes na matéria de estudo ativo. O mais interessante disso tudo é que você não só pode, como deveria estudar tudo sozinho, sem depender das videoaulas. Se o esforço maior vem do estudo solitário, você já deve calcular que não é o cursinho que fará a maior diferença na sua aprovação.

Passa em concursos quem trabalha para adquirir a disciplina de estudar sozinho com constância, não quem compra mais cursos.

E você, qual sua relação com as videoaulas?